Neste momento de pandemia, de ânimos exacerbados o que mais temos são analistas, críticos, futurólogos, disruptores, e todos os nomes da última moda.
Este é o problema de ter muito tempo de estrada, vamos ficando cada vez mais ranzinzas, impacientes, descrentes e cínicos. Estou na estrada desde 1988. Passei por tanto coisa e tanta inovação, que no ma maioria das vezes são as mesmas coisas com nomes diferentes.
Trabalho em home office desde 1989 quando comprei meu primeiro laptop. Em 1991 comprei meu primeiro celular. Em 1998 tive minha primeira experiência real de home office na IBM Brasil. De lá para cá tudo foi ficando melhor. Computadores, impressoras, software, conexões, gadgets, celulares. E o mais importante de tudo, a cultura e o medo deram espeço para esta modalidade sensacional de trabalho. Tenho muito amigos que trabalham há pelo menos 15 anos em home office.
Trabalho essencialmente no mercado imobiliário. Tudo que faço neste momento está girando em torno deste tema. Então, tudo o que você possam imaginar de pesquisas e estudos, eu faço. Desde locações, engenharia, arquitetura, metodologias de vendas e marketing, mídias sociais, mediação, conciliação, feng shui, meditação (transcendental, cosmic power), constelação familiar. Não só estudo, como aplica na minha vida pessoal e profissional.
A análise atual da moda é para onde vão os imóveis pós-pandemia.
Na minha análise cínica, não vão a lugar nenhum. Nenhuma mudança, nenhuma nova estratégia, nenhuma fuga para o litoral e interior, nada disso vai acontecer. Basta sair na rua, caminhar na praia, no shopping, no transporte público e verificar que menos da metade das pessoas usam máscaras. E as que usam, uma boa parte vira piada – máscara no queixo, na testa, pendurada na orelha, na bolsa. Máscara com a boca do Coringa, com borboleta. Virou um super negócio.
Eu escrevi um artigo aqui no LinkedIn sobre o custo de trocar um imóvel, vale a pena ler. Troca
r um imóvel, ainda que quitado irá gerar um enorme custo para as famílias. Talvez uma ou outra família, uma pequena porcentagem, que já estava pensando nesta mudança aumente a velocidade da decisão.
Na minha casa somos eu e minha esposa. Ela psicóloga e eu advogado e corretor de imóveis. Temos um excelente escritório em casa, embora cada um tenha sua sala comercial, no mesmo prédio e a 70m de nosso apartamento próximo da Avenida Paulista, perto de tudo e perto do metrô. Eu ando incríveis 25.000km de carro a cada 4 anos. Isso mesmo, vendi meu carro com 23.500km rodados.
Uma beleza. Mas tem um grande problema durante a pandemia, pois as sessões de psicologia da minha esposa são confidenciais, e eu preciso sair de nossos escritório a cada sessão dela. Ou seja, montei meu escritório na sala – acabaram os jantares a luz de velas na sala. Logo, pensamos em nos mudar para um apartamento de 3 dormitórios. Começamos a procurar, e procurar e procurar. Simulamos mudar de bairro. De tipo de condomínio. De morar na praia. De morar em Monte Verde-MG. Mas a conta ficou insana.
Dois meses depois estamos morrendo de saudades de nossos escritórios, da paz, da privacidade, das coisas organizadas e fáceis. De poder visitar os amigos e trocar soluções para o dia a dia.