O que aprendi sobre a criação de Virtual World e Synthetic Personas com a Inteligência Artificial?
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA PRÁTICA
Autor Luis Fernando Gardel Deak – publicado em 18-07-2024
Além da IA Generativa que vemos no dia a dia, existem aplicações, conceitos e visões de como criar ferramentas de alta produtividade usando estas aplicações no mundo real.
O seminário na Saint Paul
Nesta semana tive oportunidade de assistir na Saint Paul um excelente painel sobre a inteligência artificial e suas aplicações práticas, com os painelistas Luis Bartolomei (CEO) e Alex Espinosa da CBA B+G, Adriano Mussa, PhD – Reitor da Saint Paul, com a coordenação de Ana Zamper da Diretora do programa de IA da Saint Paul.
Tenho estudado em profundidade o tema da Inteligência Artificial, e tenho feito alguns ensaios de sua aplicação ao mercado imobiliário brasileiro.
O painel da Saint Paul foi interessante pois foi muito além desta camada muito vistosa e até sensacionalista da IA generativa, na produção de textos, imagens, vídeos, criação de avatares e personas digitais. O foco era apresentar a visão do time da CBA B+G sobre a criação do conceito de Virtual World e Synthetic Persona.
A visão começa com a “criação de personas sintéticas, que irão simular ações e preferências, para compreender, analisar e prediz seus comportamento frente a uma entrada de dados”, numa tradução adaptada. Que é a descrição de como a IA deve se comportar no momento em que for acionada. Algo como o comando ATUE do ChatGPT, onde o autor vai explicar para a IA os detalhes da persona que vai solucionar o problema (exemplo: ATUE como um advogado especialista em direito imobiliário, com 10 anos de experiência, etc).
No próximo degrau, cria-se toda a equipe, cada um no seu papel, como uma persona para o marketing, R&D, finanças, vendas etc. Este grupo de personas de IA irão interagir estre si, cada um no seu papel para solucionar uma questão proposta. É o que o autor define como “Business & Brand 360 Vision”
Num terceiro momento, cria-se o mesmo conceito do “outro lado” ou no modelo do autor, Synthetic Ecosystem, incluindo o que seriam os consumidores, clientes, parceiros, ou o outro lado da questão a ser enfrentada. Estas personas podem ser, por exemplo, grupos de consumidores de um determinado produto, trazendo para o caso suas idiossincrasias, necessidades específicas, detalhes, regionalismos, linguagem, crenças, ética e moralidade.
O próximo momento é dar as estas personas Ferramentas e Dados para que possam tratar os detalhes, e acrescentar novas visões à discussão.
Se este modelo fosse aplicado ao mercado de lançamentos imobiliário residenciais, seria como ter num lado todas as equipes de análise do terreno, jurídico, arquitetura, engenharia, e do outro lado os consumidores segmentados em cidades e bairros, nível de renda, entre outros. Alimentados por estudos de mercado, legislação de uso e ocupação de solo, financeira associada a análise de viabilidade do empreendimento, marketing para os segmentos, interações dos clientes com as redes sociais falando de suas experiências no processo de compra, financiamento e mudança.
Tudo isto junto, permitiria que as empresas pudessem fazer simulações mais precisas do que simples planilha eletrônica, ou sistemas internos, olhando sempre para poucos aspectos para a tomada de decisões. Imaginem uma ferramenta neste padrão, permitindo que todo o empreendimento fosse planejado, inclusive com a opinião dos consumidores que efetivamente compraram produtos da incorporadora e compartilharam a experiência. Imaginem a riqueza de poder simular diversos cenários para um mesmo terreno, não apenas usando cálculo financeiros, mas cenário reais de aquisição.
No quarto nível desta visão, o autor inclui Ferramentas e Memória, dando aos, agora redefinidos, agente sintéticos, que podem interagir com os demais agentes dos dois lados, criando conexões, estudando comportamentos e dados, de forma a criar simulações mais realistas, com muito mais variáveis e condições adversas do que uma mera planilha.
Este experimento já foi realizado utilizando duas inteligências artificiais, uma em cada equipamento, simulando um diálogo entre elas, criando um círculo virtuoso de e um contínuo refinamento das estratégias e ações.
No último nível, o foco será em promover a performance sobre o time, refinando e tornando-se mais acurado e preciso nas interações.
O quadro acima mostra a interação entre os cinco grupos.
No quadro acima, vemos os mesmo cinco grupos, mas numa perspectiva mais realista.
Reflexões sobre a IA, criatividade e aplicações reais
A aplicação da IA esta sendo muito romantizada pelo ChatGPT, Gemini e Copilot, mas suas funções excedem em muito estas aplicações. A Microsoft apresentou um conceito extremamente importante, que é a inclusão de pessoas no cenário de negócios. Um powerpoint com a assistência do Copilot permite que pessoas com algum tipo de redução na visão consiga, com total independência, produzir uma apresentação de suas ideias. Permite pessoas com outras restrições façam uso mais eficaz de sua tecnologia com o uso da voz, não mais citandos comandos, mas explicando para o Copilot o que ele precisa, e a ferramenta criando planilhas e textos completas e formatadas.
Assistentes pessoais como a Siri, Bixby da Samsung e Alexa permitem que pessoas com restrições interajam em linguagem natural, sem decorar comando específicos, com o mundo a sua volta. Um óculos como da Apple ou BMW/RayBan poderão se tornar uma “bengala digital” de uma pessoa com restrição de visão, estes óculos poderão explicar em tempo real o caminho para a pessoa, e ainda alertar sobre obstáculos.
Em 1996 eu escrevi um artigo falando sobre a polêmica que estava acontecendo sobre uma novela que mostrava pessoas conversando via computador, cada uma em um país, e as críticas foram brutais. Eu dizia que a vida segue visões e imagens de futuro. Já tínhamos o ICQ e pouco tempo depois começaram a aparecer aplicativos de conferência online como o Skype.
As visões e sonhos moldam o futuro, especialmente na tecnologia, inspirando a criação de novas soluções. As necessidades práticas e técnicas nem sempre foram espelhos para a inspiração, mas a participação das comunidades as mídias sociais, que têm apresentado suas necessidades e desejos, força o mundo olhar com atenção, e estimula pessoas a criar soluções.